
A série A Teia foi exibida pela Rede Globo entre 28 de janeiro e 1º de abril de 2014. Seus dez episódios da única temporada foram escritos com a colaboração de Carolina Kotscho e Bráulio Mantovani e a direção-geral de Rogério Gomes. As histórias baseiam-se no arquivo pessoal do delegado da Polícia Federal, Antonio Celso dos Santos e Marco Aurélio Baroni sendo inspirado em Marcelo Borelli, o homem conhecido por roubar 60 quilos de ouro da carga de um avião em Brasília e, um mês depois, foi acusado de sequestrar outro avião com 61 passageiros e R$5 milhões de reais a bordo. A trama acompanha a operação de investigação montada pelo delegado Jorge Macedo (João Miguel) para perseguir a quadrilha de Baroni, que roubara a carga de um avião no aeroporto de Brasília. Aos poucos, ele vai se aproximando de cada um, descobrindo as suas relações nos negócios ilícitos que envolvem a gigantesca teia de crimes e ilegalidades praticadas pelos criminosos. Enquanto isso, Marco Aurélio Baroni, sua namorada, Celeste, e Ana Teresa, a sua filha, fogem para o interior do país no intuito de esperar a poeira baixar e montar uma equipe para realizar um novo roubo, no aeroporto de Curitiba[1].
Entre os aspectos técnicos, a fotografia surge como um grande destaque, sobretudo pela quantidade de planos curtos e rápidos que ressaltam a agilidade dos assaltos e a emoção das fugas em meio aos tiroteios. A iluminação composta de fortes contrastes auxiliou na construção visual estética, embora a sua escuridão em várias ocasiões cause um descolamento da narrativa. A direção realizou um bom trabalho em manter viva a perseguição, explorando bem as relações entre os personagens e injetando a dosagem certa no ritmo das cenas, isto é, sem a adição de muitos elementos com que o público pudesse perder a vontade de acompanhar as investigações. O departamento de arte apresentou um resultado positivo em um ambiente cênico marcado por locações externas. Com a ajuda da fotografia, eles pintaram um bonito quadro das paisagens do país e suas características diferenças regionais. Quanto ao elenco, a performance de Andreia Horta e João Miguel estão afiadas e sobressaem-se, particularmente, nas cenas em que estão juntos, o que contribuiu para desvelar aspectos interessantes e valiosos de seus personagens.
A estrutura dramática se debruça sobre o gênero clássico de perseguição, bastante utilizado em séries norte-americanas, onde os bandidos se valem de tudo para despistar a polícia, fugas de carros, helicópteros, avião, etc. Ela é apresentada na forma de fatias de ação coletadas de um imenso leque de eventos dramáticos. Exatamente como indica o título, forma-se uma teia interligando diversos pontos de vista com o público tendo acesso aos eventos antes do roubo e aos paralelos à fuga do líder do bando. Os flashbacks foram o recurso utilizado para atingir este efeito, por meio dos quais, a cada episódio, os telespectadores são postos diante de alguma informação nova sobre um personagem da quadrilha, sua relação com os demais criminosos e os motivos que levam à sua morte. Por outro lado, eles geram um pouco de confusão se as bases da trama não estão ainda bem alicerçadas e o vaivém de cenas em diferentes eixos temporais faz com que o público precise de um reforço para acompanhar a estória[2], principalmente no primeiro episódio, como será analisado em seguida.
Na primeira cena, o público é apresentado ao instante em que os policiais encontram Baroni e fecham o cerco em um pedágio para capturá-lo. Na fuga, seu caminhão capota e desce rolando ribanceira abaixo. No acidente, a sua namorada, Celeste, desmaia e ele pensa que ela está morta. Então, ele pega a filha dela e foge para o mato, quando o delegado Macedo surge para ajudá-la. Em seguida, a série corta para um flashback de três meses antes, pouco antes do roubo, e é neste ponto que a trama se inicia. Isso faz com que praticamente todos os episódios aconteçam no passado[3], o que enfraquece a potência dramática da série. Os outros flashbacks são dispositivos épicos de enriquecimento dos personagens e servem para explicar as suas relações anteriores ao roubo, mas este acaba estragando um dos elementos mais divertidos e cativantes de uma série de perseguição policial: o momento em que o protagonista enquadra o antagonista. Por um lado, é justo afirmar que houve um confronto final com uma sequência de fuga repleta de ingredientes interessantes para o xeque-mate do delegado; por outro, diversos aspectos paralelos perderam o seu peso quando o público ficou sabendo que o casal estaria no caminhão naquela cena do pedágio, ou seja, não houve suspense na agressão sofrida por Celeste e se ela abandonaria o Baroni; na cena da troca de mala no shopping, era óbvio que Baroni escaparia ileso; quando Macedo chamou Celeste pelo nome verdadeiro no curso de espanhol (e depois quando ela o viu no posto de gasolina a quilômetros de onde estavam), já se sabia que ela nada diria até o último segundo; quando os policiais perdem a trilha do caminhão, era notório que eles logo iriam retomá-la; logo, todas essas cenas tiveram suas cargas dramáticas drenadas por um flashback inicial dispensável e que nada acrescentou à trama[4].
A perseguição ocorre em um tabuleiro nacional envolvendo várias regiões por onde as peças se movem com habilidade e revelam a árdua tarefa que o delegado tem de enfrentar. O antagonismo é, portanto, definido nos parâmetros de um jogo, onde cada lado simbolicamente realiza uma rolagem de dados e avança os espaços, lidando com a resolução da ação e passando a vez para o adversário, e também como se a trama convidasse os telespectadores a desenvolver uma estória inteligível a partir do quadro informativo de suspeitos criado pelo delegado. Esse detalhe traz à tona outro resultado positivo, uma vez que, aliado ao mosaico de relações que vão se encaixando em cada episódio, esta peculiaridade de tornar os telespectadores participantes das investigações é envolvente e faz a série deslizar para longe do lugar comum, apesar de estar recheada de clichês. Ademais, o arco dramático principal é atravessado por cenas que careceram de maiores cuidados para movimentar as tramas paralelas. Talvez pela falta de espaço e/ou tempo, elas tenham sido insuficientemente desenvolvidas e por isso pouco ajudaram a tornar a série mais dinâmica[5], inclusive, perdeu-se a chance de reforçar vigorosamente o universo dos protagonistas e gerar impulsos dramáticos a favor da proposta.
Entre as questões secundárias, pode-se citar o fato positivo da naturalidade com que as orientações sexuais são retratadas. Sem caricaturas ou estereótipos que separam as pessoas, a série não faz uso da sexualidade como elemento central de construção arquetípica; pelo contrário, o homossexualismo desliza para a margem do universo deles e torna-se um mero detalhe natural de suas personalidades. Essa despretensão fica ainda mais nítida quando a agressão de Wanda à sua namorada, Suzane, é posta em contraponto com a violência com que Baroni espanca Celeste ao pensar que ela estava grávida. As duas acabam perdoando seus agressores e é uma lástima que recursos dramáticos ou épicos extras não tenham sido incluídos para tornar mais complexas essas relações doentias de ambos os casais. Isto posto, um detalhe precisa ser duramente criticado: no dia seguinte à agressão, Celeste vê Suzane fumando um cigarro e a repreende por ela estar grávida. Como resposta, ela explica que havia visto na internet que fumar até três cigarros por dia durante a gravidez não teria problema. Em um país no qual os índices de baixa educação e de analfabetismo (funcional) atingem níveis estratosféricos[6], a cena é totalmente desprezível e gratuita, tornando-se um imenso desserviço para a população[7].
Na visão geral, uma vez que a série usa praticamente todas as cenas para focar na agilidade e na tensão proporcionada pela caçada da polícia aos culpados pelo roubo, sobra pouco espaço para uma qualificação mais detalhada das cenas e representações que incluem questões políticas e sociais. No entanto, há de se notar que a conduta profissional do delegado Macedo foge à representação frequente da polícia na emissora, retratando-o como uma pessoa séria, inteligente, altamente treinada e capacitada para sua função. Como líder da equipe, ele desbanca os fios da grande teia criminosa contando apenas com sua astúcia e um pouco do auxílio de seus assistentes (mesmo que a ajuda tenha sido na forma de pequenas tarefas delegadas por ele mesmo). Não houve críticas em nível sistêmico; a série não enfoca o jogo capitalista, mantendo reduzidos os componentes externos à sua proposta. Diante disso, em nível organizacional, observou-se no embate entre os policiais e os bandidos a composição de regras que apontam para a autoridade estatal frente às jogadas de ambos os lados do tabuleiro, que reforçam ou minam essa imagem.
O primeiro componente da análise recai sobre o trabalho de polícia. Posto que ele se apresenta contraditoriamente em relação às demais séries analisadas, chama a atenção o cuidado com os diálogos e o comportamento de cada policial no ambiente de trabalho[8]. Não há brincadeiras ou ofensas gratuitas fora de hora, mas uma condução profissional de indivíduos que têm uma missão e precisam cumpri-la, pois este é seu objetivo. Embora esta sinalização possa parecer óbvia, é a única ficção seriada da tese que apresenta pontos positivos e uma competência na representação da instituição policial. Esta sobriedade é notória no fato de que há policiais bons e honestos e policiais maus e corruptos, numa dosagem segura e equilibrada. A partir desta perspectiva, a série suscita a ideia de que o crime não compensa e que, de um jeito ou de outro, os criminosos irão pagar[9]. Da forma que foram expostas as relações, não houve escapatória para os alvos de Macedo: aos poucos, cada um sucumbiu aos seus avanços e foi capturado ou morto pelo resto da quadrilha. Sua eficiência chegou a transbordar e atingir os colegas de profissão, quando percebe-se, na sequência de cenas do último episódio, que a ex-mulher de Baroni dava continuidade à teia de crimes, mas Germano, o delegado de Curitiba, já estava tirando suas fotos e iniciando mais uma perseguição.
Um modo de refletir sobre o eixo ideológico mais marcante é a dualidade de classe no comportamento e personalidade de Macedo em relação à de Baroni, seu rival. Como faces opostas de uma moeda que simboliza o preço irrisório das suas vidas para a sociedade, ambos dividem a qualidade de serem calculistas e de saberem prever os próximos passos dos oponentes. Entretanto, eles se apresentam no começo em posições contraditórias em relação ao caráter e, aos poucos, vão revelando as suas peculiaridades internas, a ponto de inverterem por completo a situação inicial, quando quebram as máscaras que escondiam suas reais essências. Para exemplificar, Macedo carrega um passado obscuro que lhe rendeu a expulsão da polícia cearense e o apelido de delegado pinga-sangue, um segredo somente revelado através de manchetes de jornais e comentários dos colegas de profissão, nos quais ele teria, supostamente, espancado uma pessoa até a morte. Ele aparenta ser um homem sério, impaciente e sem nenhum remorso deste tenebroso passado. Em contrapartida, embora saibamos que Baroni é um dos vilões, ele se mostra um rapaz pacato, simpático e gentil. Sua forma de se comunicar é tranquila e educada, demonstrando enorme carinho pela sua namorada, Celeste, e a filha dela, e agindo como o genro que toda sogra gostaria de ter.
Conforme as investigações avançam, passamos a perceber que o apelido de Macedo não condiz tanto com a sua personalidade. Mesmo ele sendo severo no ambiente de trabalho e que às vezes pega pesado com os criminosos capturados, é difícil acreditar que ele possa ter realizado algo de tamanha inclemência, pois ele se revela um homem honesto, correto e amoroso com a sua filha (embora tenha problemas de entendimento com a esposa), mas no fundo, é uma boa pessoa que deseja apenas terminar a investigação, recuperar o seu antigo emprego e voltar a viver próximo delas. Em uma conversa com Germano, ele confessa a acusação, mas diz que não estava no local na hora do ocorrido[10]. Em oposição, ao assumir a liderança da quadrilha, as ações de Baroni passam a resplandecer a sua verdadeira imagem, pois a máscara de bom moço lhe é arrancada do rosto e sua face obscura é exposta: um homem cruel e inescrupuloso, uma alma distorcida e desequilibrada de um psicopata com tendências violentas aleatórias[11]. Além disso, descobre-se que ele largara a faculdade para mergulhar nas emoções do submundo do crime. Embora ele tenha sido o personagem mais bem trabalhado, talvez pela carência de detalhes ou pela baixa performance do ator, sua postura impediu que esses traços lampejassem com vigor a ambivalência da sua personalidade.
As implicações dessa dualidade, além do óbvio propósito de tornar mais ambíguos e complexos os personagens, perpassa um entrave ideológico sob o véu de um maniqueísmo engambelado pelas suas apresentações iniciais dúbias. Aliás, os dois históricos de vida apresentam um confronto contraditório desde o período da infância dos personagens. Baroni era filho de um rico empresário que o agredia fisicamente e a mãe, levada por um instinto de proteção, matara o seu marido com um martelo e inventou a história de que eles tinham sido assaltados. Jorge Macedo teve um pai humilde durante a infância no Ceará e ele era provavelmente rígido e impaciente, pois expulsara a sua mãe de casa e ele só voltou a vê-la anos depois. Assim, enquanto um tinha as condições para utilizar a sua criatividade e educação em algo produtivo e se tornar um empreendedor de sucesso, o outro, mesmo com informações pálidas sobre seu passado pode-se inferir que ascendeu socialmente.
Nesta perspectiva, o entrechoque se dá sobre os três eixos que alicerçam as suas subjetividades. Em ambos, as consciências em relação ao que existe, é certo e possível sobre o mundo, foram invertidas de tal modo que, mesmo sob um viés maniqueísta, iluminam o ponto-chave da maneira com que eles percebem as suas condições materiais, as noções acerca das consequências de seus atos e o que eles julgam desejáveis em termos de ganhos materiais. O ápice dessa colisão de forças, cujas fagulhas decorrentes iluminam o pálido espectro das lutas de classes, se dá na cena em que eles estão no avião, com Baroni algemado, rumo a Brasília para ser preso. Sua posição e educação superiores frente às do delegado revestem-no de uma aura intocável, confirmada pelos sentimentos de segurança pela riqueza escondida. Ele não possui dúvidas do que irá enfrentar e se mostra confiante e nada incomodado com o impacto que o vídeo da tortura causara no público. Não é à toa que o início do diálogo é marcado pela curiosidade do Baroni em relação ao salário do delegado, que aproveita para lhe responder ironicamente “bem mais do que você agora”. A resposta desperta no antagonista uma declaração debochada, de que logo sairia da prisão, seja “pela porta da frente ou de trás[12]“.
Ainda tentando sustentar a sua superioridade, Baroni procura justificar a abjeta tortura da garotinha como um meio de ajudá-la a enfrentar as injustiças da vida. O delegado indaga sobre as injustiças e Baroni insinua que ele “sabe do que se trata”, recebendo a confirmação. De modo sutil, ambos parecem confirmar a mesma perspectiva, todavia, Macedo o surpreende ao lhe apresentar a sua versão das injustiças que lhe são conhecidas e nega participar do acordo de soltá-lo em troca de dinheiro, causando a ruptura na confiança do oponente. Uma leitura desta sequência admite que, como filho do capital (simbolizado pelo pai empresário), Baroni atuava sem limites e desimpedido pelas regras implantadas por um sistema que o favorece. Na esfera criminal, testou os aparelhos estatais para ver até onde poderia chegar (na cena da fuga da prisão, ele ignorou a possibilidade de fugir no helicóptero, pois tinha noção de que seria absolvido por falta de provas) e, por um longo tempo, consagrou-se vitorioso, escalando os degraus da organização para se tornar o líder da quadrilha. Afora o fato de que se tratava de um criminoso cruel e perseguido pela polícia, as ideias que alicerçam as jogadas dos dois lados sugerem a imagem do poder corporativo frente aos entraves do poder estatal. Nas figuras de Macedo e Baroni, essa pálida ilustração do confronto sociopolítico de classes chega ao fim quando a calma de Baroni, amparada até o momento pela segurança de sua riqueza e privilégios, é estilhaçada diante de um adversário escrupuloso e inabalável da estirpe do delegado. O vilão não esperava enfrentar um adversário imune ao seu domínio. Assim, a maior vitória de Macedo não foi a de tê-lo levado à prisão, mas por tê-lo destruído no campo da consciência, revelando seu segredo: a máscara que encobria e conservava o seu verdadeiro poder na sociedade[13].
Para concluir, uma vez que a proposta da série era focar em cenas de ação e tensão, sobrou pouco espaço para considerar elementos mais gerais e externos, dos quais se poderia retirar alguns contrapontos. No entanto, apesar de estar longe de defender possíveis mudanças estruturais, o que se pode acompanhar foi uma posição política calcada numa visão de mundo otimista e sóbria, que separa bem os problemas levantados e foca nas ações individuais ou de determinados grupos para pintar a paisagem que julga condizente com a realidade. No imenso tabuleiro montado pela sua narrativa, os dois lados agem como jogadores inteligentes. Não há visões reducionistas acerca da atividade do Estado e das suas instituições, elas simplesmente cumprem a função que lhes é dada da melhor forma como podem. No final, por ter sido bem-sucedido na missão, o seu chefe, Muniz, o convida a integrar a operação Ragnarok, que investiga políticos corruptos. No entanto, a série termina sem que Macedo confirme se continuaria na polícia de Brasília ou se retornaria para a sua terra natal. Infelizmente, não houve segunda temporada e o possível confronto entre duas instituições estatais, cujos adversários ocupariam cargos públicos. Certamente, teria sido um enorme deleite para os telespectadores observarem o delegado Macedo de novo em ação, destruindo suas consciências.
[1] A trama e as curiosidades estão no Memória Globo, disponível em: http://glo.bo/3Ab0dsW.
[2] Os flashbacks da polícia surgem na forma de lapsos de memória do delegado Macedo a fim de ajudá-lo a descobrir mais pistas. Este uso é positivo, pois os policiais da equipe não têm relações prévias ao caso e, através deles, o público apreende suas deduções e passa a conhecê-los melhor.
[3] A cena do pedágio e do posterior acidente ocorre no nono e penúltimo episódio.
[4] Ademais, uma obra que propõe uma grande quantidade de flashbacks, sobretudo se lança alguns deles em pontos futuros de outros flashbacks, deve ter cuidado para não ocorrerem severas falhas dramáticas, como no episódio 4, cuja abertura se dá dois anos antes num helicóptero, onde Clayton é ameaçado a ser atirado para fora por um delegado da Polícia Civil, Márcio Gomes, que desejava o dinheiro de um roubo. A cena corta para o tempo atual e Clayton entra na delegacia aterrorizado e querendo ser preso, pois (ainda) estava sendo perseguido pelo delegado e seus policiais. Sua fala confirma a perseguição. Todavia, no episódio 9, em um flashback de um ano antes, Baroni matou o Márcio Gomes por causa da tortura que sofrera (esse evento também fora descoberto e confirmado por Macedo no oitavo episódio). Logo, de quem o Clayton estava fugindo apavorado se o delegado havia morrido um ano antes? E como ele teria expulsado a quadrilha de Curitiba se Baroni o matou assim que deixou a prisão?
[5] Algumas dessas tramas paralelas incluem o namoro da mãe do delegado com um ex-senador que fora preso por corrupção e o nome dela apareceu nas investigações como uma fonte ligada a ele; a relação do delegado com a esposa e com a filha careceu de maiores explicações; a sabotagem do irmão do delegado, que empenhou-se em passar o patrimônio de sua mãe com Alzheimer para o nome dele e falhou em cima da hora; e a relação entre Baroni e a sua ex-esposa, mãe de seu filho.
[6] No Brasil, segundo uma pesquisa nacional em 2019, a taxa de analfabetismo em pessoas de 25 ou mais anos de idade foi estimada em 6,4%. E se somados todos os níveis de instrução abaixo do ensino superior completo, temos uma população de 78,5% de pessoas somente com ensino médio, fundamental ou sem qualquer instrução no país. Disponível em: https://bit.ly/3Ot3SFQ.
[7] A realidade brasileira é a de que 87% das mulheres que fumam não abandonam o cigarro durante a gravidez. Na matéria, nota-se que diminuir a quantidade diária de cigarros não é uma alternativa porque as consequências são negativas. Portanto, o tabagismo é completamente contraindicado na gravidez. Disponível em: https://bit.ly/3yAOh18.
[8] Entretanto, em algumas cenas, os diálogos entre Taborda e Libânio são confusos e não informam nada sobre a situação que ambos estão vivenciando naqueles determinados momentos.
[9] Paralelamente, a série também aponta a corrupção nos poderes políticos quando o senador Gama é solto e a operação Ragnarok se mostra um fracasso no final, embora haja poucos exemplos.
[10] A sua situação é corroborada pelo superintendente Muniz quando, ao telefone, ele comunica à jornalista que Macedo jamais fora condenado pelo caso e não tem ficha suja, ou seja, indica que houve um julgamento e ele fora inocentado.
[11] Entre elas, há a do acidente de carro, onde ele plantou uma arma próximo ao veículo para que o jovem tivesse mais problemas junto à polícia; o motoqueiro de sua quadrilha que ele consegue derrubar no chão e o mata friamente; a vingança do policial civil e o fato de ele repetir a tortura de triturar os dedos da mãe dele (assim como fizeram com a sua mãe); a tortura do Ney, ao cortar a sua orelha diante de sua filha; e a sádica, doente e escatológica tortura da garotinha, além de outras situações no passado (a morte da mãe e do filho do segurança da empresa que assaltaram), etc.
[12] Marcelo Borelli, o criminoso real, foi condenado a 172 anos de prisão em relação aos 21 atos na fita gravada com a tortura da criança. A pena foi depois revista e ele teria que ficar preso por vinte e dois anos. Na cadeia, foi espancado pelos detentos e sofreu abusos, pelos quais contraiu o vírus HIV, responsável pela sua morte em 2007. Ironicamente, seu pai verdadeiro não morreu durante a sua infância, ele foi à falência. Disponível em: https://bit.ly/3d2jXp7.
[13] Na estória, o pai de Baroni estava lhe dando uma surra, quando a mãe interveio para protegê-lo e acabou sendo também agredida pelo marido. Em seguida, num ato irracional, ela o acerta com um martelo na cabeça, matando-o instantaneamente. Os jornais noticiaram que um bandido havia sido o responsável. Porém, o que mais parece ter humilhado e destruído Baroni foi a lembrança de que ele havia se tornado igual ao pai (e não por ser um criminoso sádico e impiedoso).