Quando as pessoas veem um combatente experiente, muito mais do que as suas vitórias ou derrotas, elas deveriam se importar com o esforço mental e físico decorrentes de tanto tempo enfrentando as adversidades. Se este esforço puder ser mensurável, é isto o que, talvez, deveria torná-lo um herói, uma imagem de garra, perseverança e vontade. As vitórias trazem alegrias, prazeres, talvez a certeza do caminho trilhado; mas as derrotas, se vistas como oportunidade de experiência, deveriam ser bem mais reconhecidas, sobretudo pelo que se pode retirar delas.
Não sou um guerreiro e, menos ainda, experiente. Nas minhas batalhas pessoais, aprendi que dependendo da situação, não é necessário vencer para se conseguir o que deseja. Em outras, perder não significa derrota, mesmo que isso pareça um absurdo. Ora, é possível triunfar diante de um fracasso e falhar na superação de um obstáculo. O resultado não é exatamente o principal, mas o que se consegue com ele, o que se aprende, se compreende e nos transforma. Digo isso trezentas mil vezes para ver se consigo internalizar esses pensamentos.
No momento, inicio uma nova batalha. Não daquelas que podem gerar uma guerra. Não mesmo, somente uma batalha, embora não seja tão simples. O planejamento é fácil, basta organizar as tropas, dar o sinal para o ataque, correr uns riscos normais e esperar para ver se obtenho o prêmio. Todavia, a previsão do resultado me enche de medo. Como lidar com uma vitória que será bem-vinda, mas nada saberei fazer para aproveitá-la, ou um ganho de experiência importante que me arrancará a alma por ter sido incapaz dessa conquista?
Que vontade de ser o general de mim mesmo, de estar apto a poder decidir o melhor percurso das ações e não temer as consequências. Que vontade de realmente compreender que mesmo perdendo, ainda posso sair vitorioso de alguma forma. Só me falta a coragem. A coragem de brandir a espada e enfrentar um obstáculo complexo, uma ameaça que penetra as minhas mais profundas emoções. Talvez consiga conquistar as coisas que desejo nessa vida, mas o inverso também é plenamente possível e posso sair dela sem nada, inundado de experiências valiosas para mais uma tentativa, a qual pode nunca vir. Para descobrir, só me falta a coragem. A coragem para passar por cima do inimigo mais patético: eu mesmo. Coragem para ser experiente e sábio e finalmente saber o que preciso fazer para deixar de perder. Mas para isso, infelizmente, é preciso coragem…
(Texto escrito em meados de 2006)
