Izo, O Palhaço

Izo era um palhaço de circo. Vivia viajando e conhecendo os lugares mais incríveis do mundo, apresentando-se algumas noites em cada um. Era famoso por fazer todos à sua volta rirem com extrema facilidade e aonde quer que fosse uma alegria contagiante sempre o seguia. Tudo era motivo para fazer os outros se alegrarem, até mesmo quando recebiam notícias “ruins”.

Um dia, depois de muitos anos, Izo adoeceu. Com isso, o circo foi sentindo a sua falta e gradativamente adoecendo junto com ele. Os malabaristas passaram a deixar os malabares caírem ao chão, o domador de leões não conseguia mais domá-los e levou uma mordida, os trapezistas erravam o trapézio e caíam na rede de proteção, enfim, ninguém mais conseguia realizar as suas funções com a habilidade que sabiam que possuíam.

O apresentador do espetáculo, cujo nome pouco importa para essa história, descobriu o motivo do problema. Os artistas careciam das risadas e da felicidade proporcionada por Izo. Assim, às pressas, ele foi procurar o palhaço. Entrando em seu trailer, viu que ele estava deitado na cama, sentindo-se muito mal. Ao lhe perguntar quando voltaria à ativa para alegrar a todos, Izo respondeu: “Desejo voltar logo. Minha habilidade é a que menos impressiona o público, mas a mais necessária para todos. Ninguém consegue viver sem rir”.

O apresentador saiu todo feliz, esperando o dia seguinte. Que nunca veio. Aliás, veio, óbvio que veio, mas sem o palhaço, pois Izo morrera no final daquela tarde, levando com ele as esperanças e o resquício de felicidade que havia no circo. Pouco tempo depois, o apresentador e dono do circo foi à falência (o mercado de palhaços para circos itinerantes estava muito ruim) e jamais se falou sobre este espetáculo novamente.

Gostaria que essa estória não acabasse aqui, mas infelizmente algumas coisas acontecem em nossas vidas que fogem do nosso controle. Tudo que podemos fazer é contorná-las de alguma maneira. Lembro de ter lido em algum lugar que devemos rir, em média, dezessete vezes por dia. Então, nunca se esqueçam de fazer rir quem vocês mais gostam (principalmente a si mesmos). A felicidade está nas pequenas coisas, até mesmo naquelas que não são ou não parecem impressionáveis. A presença de uma pessoa, apenas uma pessoa, pode fazer uma enorme diferença no nosso humor. Nada pode ser feito sem um mínimo de alegria. Seja para pular de uma enorme altura ou escalar cadeiras para fazer acrobacias e malabarismos diários a fim de garantir a sobrevivência na atual sociedade, seja para domar os ferozes leões ou os medos internos mais obscuros, quando as coisas estiverem ruins, lembrem-se do bordão do palhaço Izo: não fique mais indeciso, para conseguir um riso, vou lhe dar um aviso, começa com um sorrIzo!

(Texto escrito em meados de 2006)

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