O Conselho Escarlate

O Conselho Escarlate, Volume I – “Tormento e Angústia”

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O Conselho Escarlate trata de um projeto ousado que começou a ser esboçado ainda nos anos 1990. Em meio a sessões de RPG de Vampiro: A Máscara, onde compartilhava com os amigos o prazer de viajar para realidades obscuras e existências amaldiçoadas, criar personagens únicos e viver as suas rotinas de agonia e o constante tormento pelo controle da besta interior, ficava imaginando como seria se essas criaturas realmente existissem. A vontade de vivenciar estas experiências era tamanha que cheguei a mestrar e participar de alguns Lives de Vampiro, isto é, sessões de RPG em que todos se vestem de acordo com os seus personagens e atuam como eles, tudo em tempo real, como um teatro macabro de improviso. Quantos porteiros, vizinhos e síndicos nós assustamos enquanto nos divertíamos por aí pelos plays em prédios de amigos! rs

Os anos foram se passando e costumava devorar livros e filmes com a temática de Vampiros. Alguns deles gostei bastante, outros achei que deixaram a desejar em certos pontos, mas nunca encontrei outra obra capaz de encapsular com tanta potência e criatividade esse tenebroso universo como o de Vampiro: A Máscara. Mark Rein-Hagen e seus assistentes alimentaram-se de inúmeras obras da literatura mundial para colocarem em prática a confecção deste fantástico mundo. Basicamente, buscando inspiração em passagens de “Drácula de Bram Stoker” e “Entrevista com o Vampiro”, incluindo narrativas mitológicas e bíblicas e, através de uma imaginação surpreendente, eles foram delineando a história vampírica desde o início da civilização humana, passando pela organização dos vampiros em seitas secretas, a formação dos clãs, suas principais características e comportamentos e, claro, os poderes do sangue. Em outros termos, eles partiram de famosas e consagradas ficções para criarem a sua versão destas criaturas. No entanto, e se o contrário foi e ainda é o que realmente vem acontecendo? E se essas aclamadas ficções foram embasadas em algo real para desvirtuar, propositalmente ou não, a atenção dos mortais para a existência de seres que os controlam?

A partir de frases provocantes como “Vocês não acreditam em Vampiros? Então, por que cada vez mais abrem-se estabelecimentos 24 horas?”, comecei a escrever os primeiros textos que vinculavam a nossa realidade concreta a uma possível presença real destas criaturas. Como passatempo, eu reunia os personagens que mais gostava e inseria as suas ações no jogo conforme alguns eventos eram relatados no noticiário da televisão. Isto acabou gerando um volume interessante de páginas, as quais, mais tarde, tornaram-se as anotações para este livro que pretendo publicar. Em 2012, tracei as informações contidas nos cinco primeiros capítulos e consegui avançar até o término do terceiro, mas tive de parar, pois a escrita estava me causando mal-estar e pesadelos devido às cenas fortes. Anos depois, sabendo que pedaços de mim foram arrancados por experiências pessoais, não precisaria mais me preocupar. Então, retomei a escrita, consertei as partes avulsas e incrementei o horror. Hoje posso dizer que me sinto orgulhoso do resultado.

Tenho consciência de que, à esta altura, o tema já foi incessantemente abordado e a “presença de criaturas malignas que controlam o universo” pode parecer mais uma história clichê, sem graça, repetitiva e sem nenhuma criatividade. Porém, as histórias sempre retrataram esses monstros como seres sedutores, românticos, confiantes, poderosos, veneráveis e de natureza nobre. Seres hedonistas, que fazem sexo, consomem drogas presentes na circulação sanguínea e sentem prazer ao sugar o nosso sangue. Seres que brilham na floresta, apaixonam-se por humanos, apreciam obras de arte e vão a concertos musicais. Nada poderia estar mais distante da verdade. A condição dos amaldiçoados é uma punição terrível da alma e não deveria ser desejada como um caminho fascinante na busca pelo poder e imortalidade. Uma única noite é o suficiente para se experimentar uma eternidade de sofrimento. Nada consegue aplacar a dor e trazer um pouco de paz. O que resta é uma pós-vida de puro tormento e angústia…

ATENÇÃO: A leitura de “O Conselho Escarlate” é recomendada para pessoas acima de 21 anos.